12.4.08

exposição


«Todas as cartas de amor são/Ridículas./Não seriam cartas de amor se não fossem/Ridículas./Também escrevi em meu tempo cartas de amor,/Como as outras,/Ridículas./As cartas de amor, se há amor,/Têm de ser/Ridículas./Mas, afinal,/Só as criaturas que nunca escreveram /Cartas de amor./É que são/Ridículas./Quem me dera no tempo em que escrevia/Sem dar por isso/Cartas de amor/Ridículas./A verdade é que hoje/As minhas memórias/Dessas cartas de amor/É que são/Ridículas./(Todas as palavras esdrúxulas,/Como os sentimentos esdrúxulos,/São naturalmente/Ridículas.)» Fernando Pessoa

A acompanhar esta produção, será montada uma exposição de cartas de amor. Participe também!

Obrigado pelas contribuições já recebidas: Rita (e aos amigos de Castanheira de Pêra), Vera (e seus pais), Carla, Luís, Liliana, Margarida, Nuno, Elisabete, Tita, Bruno...

2 comments:

Anonymous said...

Todo o amor do mundo
não foi suficiente
porque o amor não serve de nada.
ficaram só os papéis e a tristeza,
ficou só a amargura
e a cinza dos cigarros e da morte.
os domingos e as noites
que passámos a fazer planos
não foram suficientes
e foram demasiados
porque hoje são como sangue no teu rosto,
são como lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia,
quando já não te encontrar em cada instante,
cada hora, não irei negar isso.
não irei negar nunca que te amei.
nem mesmo quando estiver deitado,
nu, sobre os lençóis de outra
e ela me obrigar a dizer
que a amo antes de a foder."
A Naifa

Margarida

alexandre sampaio said...

You never liked to get
The letters that I sent.
But now you've got the gist
Of what my letters meant.
You're reading them again,
The ones you didn't burn.
You press them to your lips,
My pages of concern.
I said there'd been a flood.
I said there's nothing left.
I hoped that you would come.
I gave you my address.
Your story was so long,
The plot was so intense,
It took you years to cross
The lines of self-defense.
The wounded forms appear:
The loss, the full extent;
And simple kindness here,
The solitude of strength.
You walk into my room.
You stand there at my desk,
Begin your letter to
The one who's coming next.
/Leonard Cohen, The Letters